O N`DAMA SE ENCAIXOU PARA FORMAR O SENEPOL NA PARTE ORIENTAL DA ILHA DE SAINT CROIX

A parte oriental da ilha de Saint Croix, mais seca e onde se criava um gado sem muita qualidade por algumas famílias que dividiam a atividade com o algodão e indigueiro, planta que exige climas mais quentes e de onde se extrai o anil, é onde o N´Dama se encaixou perfeitamente para depois formar o Senepol, que ficou conhecido como a linhagem CN, iniciais da fazenda Castle Nugent.

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Cenário típico da região mais seca e quente da ilha de Saint Croix, no lado onde vacas N´Dama como a da foto se adaptaram bem para formar posteriormente o Senpeol com a linhagem CN, iniciais de Castle Nugent.

No começo da década de 1950, ela foi comprada pela família Wall, que dentre seus membros contava com Caroline, mais tarde casada com o italiano Mario Gasperi. Howard Wall, pai de Caroline, introduziu em 1957 os primeiros exemplares de Senepol na propriedade, pensando no sucesso de que ele já tinha notícia pelas mãos dos Nelthropp e, depois, com Ward Canaday.

Em 1963, Mario Gasperi, que já havia concluído seus estudos nos Estados Unidos, mudou-se com Caroline para Saint Croix e, juntos, passaram a selecionar o Senepol CN (iniciais de Castle Nugent) com a precisão que aquele lado da ilha exigia por causa de suas condições naturais.

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Caroline e Mario Gasperi, que chegaram a morar nos Estados Unidos e voltaram a Saint Croix para selecionar o Senepol CN, iniciais de Castle Nugent, fazenda comprada no início dos anos 1050 pelo pai dela, Howard Wall.
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Ward Canaday levou a Annaly Farm para continuar sua história com o Senepol para o lado oeste de Saint Croix

Ward Canaday levou a Annaly Farm para continuar sua história com o Senepol para o lado oeste de Saint Croix, batizado na ilha com suas iniciais. O lado WC, sigla que ainda existe em algumas linhagens da raça pelo mundo, sempre foi privilegiado em termos de condições naturais. Mais chuvoso, desenvolveu historicamente melhores pastagens, mas nunca foi menos exigente com a pecuária, onde se obtém animais de bom escore, fertilidade e habilidade materna espantosas.

A precocidade e a capacidade de maturidade sexual e de acabamento, tanto dos machos quanto das fêmeas, sempre foram muito nítidas, depois do surgimento do Senepol e da seleção natural a que foi se submetendo o gado criado pelos Nelthropp. No Extremo Leste da ilha, contudo, foi onde tudo começou, com a chegada dos primeiros animais N’Dama pelas mãos de George Elliot. É onde fica a fazenda que deu nome à linhagem CN, iniciais de Castle Nugent, a outra  parte mais conhecida no Senepol mundial.

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Pastos da Annaly Farm no oeste da ilha de Saint Croix, onde se desenvolveu em um ambiente de melhores condições climáticas e naturais o Senepol com a linhagem WC, iniciais de Ward Canaday.
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A Família Nelthropp trocou o ramo na pecuária passando da carne para o leite

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Ward Canadey, empresário norte-americano que fez fortuna com os utilitários Jeep fornecidos às Forças Armadas dos EUA, comprou a Annaly Farm dos Nelthropp na virada da década de 1950.

Na virada para a década de 1950, a família Nelthropp trocou de ramo na pecuária, passando da carne para o leite? O rebanho por eles “inventado” na ilha de Saint Croix passou para as mãos do empresário norte-americano Ward Canaday, então presidente da Willy’s Jeep, que fez uma fortuna estimada de US$ 760 milhões fornecendo seus utilitários para as Forças Armadas dos Estados Unidos, na Segunda Guerra Mundial. Ele conservou Frits Lawaetz como gerente da sua nova Annaly Farms e registrou todos os dados genéticos daquele novo rebanho, com o que, em 1954, os Estados Unidos oficializaram Senepol como nome da raça criada e desenvolvida na ilha.

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A padronização do gado em Saint Croix foram feitas experiências com reprodutores Brahman e Devon

A ideia de padronizar o gado em Saint Croix continuou e foram feitas experiências com reprodutores Brahman e Devon? O rebanho foi “fechado” para apuração dos resultados, pelo menos até o início da década de 1940, e a maior dificuldade era mantê-lo crescendo e tentando diminuir o grau de consanguinidade.

Em 1942, o mesmo Bromley, que havia comprado o primeiro touro britânico em Trinidad 24 anos antes, adquiriu na vizinha ilha de Saint Thomas, numa fazenda chamada State Tutu, o primeiro touro Red Poll puro, chamado Doctor, que passou a cobrir as fêmeas N’Dama para fornecer produtos que depois foram chamados de Senepol _ “Sene”, da origem africana senegalesa, e “pol”, de Red Poll.

As crias desse cruzamento foram apurando as gerações seguintes, com uma bezerrada altamente resistente às doenças, com pelo zero, mochas, vermelhas e dóceis, com alta capacidade de ganhar peso e produzindo uma carne que já começava a impressionar por sua maciez, suculência e sabor. Pecuaristas vizinhos começaram a se interessar por esses mesmos resultados e isso popularizou a nova raça a partir de 1949, como mostraremos na sequência.

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Saint Croix e sua topografia acidentada no meio de uma cadeia de montanhas, onde os Nelthropp passaram a desenvolver um gado cada vez mais padronizado e depois reconhecido como Senepol.
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O PRIMEIRO TOURO ADQUIRIDO PELOS NELTHROPP NÃO PARECIA SER UMA RAÇA TAURINA PURA

O primeiro touro adquirido pelos Nelthropp em Trinidad não parecia uma raça taurina pura? Sultan – ou Douglas, segundo a dúvida da anotação feita na época – apresentava ainda batoques que Bromley desconsiderou ao levar o seu novo reprodutor para Saint Croix, a fim de cruzá-lo com as vacas N’Dama aspadas, para tentar cumprir o objetivo de mochar o seu rebanho, para facilitar o manejo e evitar prejuízos _ como ferimentos que as vacas africanas se causavam com os chifres ou aos próprios responsáveis pelo manejo.

O fato é que o resultado começou a aparecer nas primeiras progênies do trabalho desse touro, que resultou em bezerros e bezerras recriando muito resistentes ao calor e à umidade, às doenças e, ainda, desmamando mais pesados e dóceis.

Começava, ali, uma padronização que virou a obsessão dos Nelthropp por mais reprodutores que pudessem manter a evolução genética observada já na primeira geração do que se pode chamar de cruzamento industrial da época. A procura por mais touros teve sequência, como terá essa história no próximo fascículo.

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Vacas africanas com chifres acabavam se machucando e complicando o manejo, por isso a necessidade de mochar o gado com a adoção de cruzamento com um taurino que, além de tudo, padronizasse o gado de Saint Croix.