Histórico

A Raça

A ilha de Saint Croix: 260 km2 e 45 km de extensão, onde o Senepol foi criado em 1918.

O Senepol nasceu em Saint Croix, uma pequena ilhota de 260 km2 e 45 km de extensão nas Ilhas Virgens Britânicas. Faltava carne e leite em volume e qualidade nutricional naquela porção do Caribe americano, até que uma família descobriu a solução em um cruzamento que promoveu em suas vacas mestiças, denominadas crioulas, que dividiam os campos com algumas fêmeas africanas da raça N´Dama, trazidas em 1860 do Senegal pelo navegador George Elliot em um navio negreiro.

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Bromley Nelthropp, que levou de Trinidad & Tobago o primeiro touro Red Poll para Saint Croix.

Bromley, o filho mais novo da família Nelthropp, proprietária da Granard States, uma fazenda localizada na cadeia de montanhas da região central de Saint Croix, decidiu experimentar um touro Red Poll de nome Captain Kidd, que ele importou em 1918 de Trinidad e Tobago. Do cruzamento com as vacas crioulas e as africanas, nasceu um tipo que passou a atender às exigências nutricionais da ilha.

As crias desse cruzamento batizado de Senepol, em homenagem aos nomes da origem africana das mães (Senegal) com a influência do taurino britânico (Red Poll), fizeram crescer a pecuária na região, atraindo o interesse de empresários que passaram a investir naquelas terras adquiridas em 1917 pelos Estados Unidos.

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Vacas africanas da raça N´Dama, do Senegal, foram a base para o cruzamento com o Red Poll que gerou o Senepol.

No final dos anos 1940, os Nelthropp abandonaram a pecuária de corte e passaram a se dedicar somente ao leite, enquanto duas propriedades se tornaram emblemáticas no desenvolvimento da raça, que foi reconhecida em 1954.

Um desses empresários foi o industrial Ward Canaday, dono da fábrica de jipes Willys, que fez fortuna fornecendo veículos para o exército americano e que em 1949 adquiriu a Annaly Farms, que virou o berço dos primeiros estudos sobre a capacidade daquele cruzamento de produzir mais e melhor em menos tempo, com leite e carne de maior qualidade.

A fazenda, situada no lado da ilha mais bem servido de chuvas, deu origem à linhagem WC, iniciais do seu proprietário, com animais criados em pastos mais abundantes e com maiores benefícios para o sistema de produção.

No outro extremo da ilha estava a fazenda Castle Nugent, que tinha pertencido à família de Christopher Nugent e cuja sede era um castelo – daí o nome da propriedade. Passada às mãos do empresário rural Howard Wall, este introduziu ali os primeiros animais Senepol adquiridos junto aos Nelthropp, quando eles liquidaram o plantel. Era o início da linhagem CN, que se destacou pela rusticidade em um ambiente mais desafiador, já que a propriedade estava no lado mais seco e com pastos menos nutritivos de Saint Croix.

A criação ficou a cargo da filha, Caroline, que tinha voltado dos Estados Unidos com o marido italiano, Mario Gasperi, que veio a falecer em 1989. Ela se dedicou ao turismo proeminente na região caribenha, o filho Mauro e o cunhado Kiko Gasperi tocaram o Senepol linhagem CN, até que a família decidiu ceder em 2006 o espaço e o gado à Universidade das Ilhas Virgens, que ali montou um centro de pesquisas.

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Sede da Annaly Farms, fundada por Ward Canaday e que passou às mãos da família de Frits Lawaetz na década de 1970.

Ward Canaday passou a se dedicar mais aos relacionamentos políticos até sua morte, em 1976. A filha vendeu a propriedade ao então gerente da Annaly Farms, Frits Lawaetz, então ministro do meio-ambiente de Saint Croix, que naquela propriedade trabalhara por mais de 40 anos e que havia adquirido parte do rebanho da Granard States.

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Sede da Annaly Farms, fundada por Ward Canaday e que passou às mãos da família de Frits Lawaetz na década de 1970.

Organizado, mas debilitado na saúde por causa de um câncer que lhe custou uma perna, ele passou a administrar com os filhos um rebanho que mesclou a capacidade produtiva da linhagem WC, que ele gerenciava, com o que buscou no lado seco da ilha, cruzando o seu rebanho com a linhagem CN para tornar o seu Senepol o taurino adaptado que despertou a atenção de instituições de pesquisa nos Estados Unidos. Hans Lawaetz, seu filho, manteve o nível de seleção baseado nos números de avaliações rigorosas que promoveu no rebanho e que abasteceu o banco de dados de instituições de pesquisas dos Estados Unidos, que passaram a estudar o Senepol e indicá-lo como solução para produção nos trópicos pelas suas características e aptidões naturais.

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Rebanho Senepol da Annaly Farms com linhagem WC.

O Brasil recebeu algumas doses de sêmen de animais destacados em avaliações desses centros de genética americanos, mas para composição de programas de cruzamentos entre raças que resultassem em um cruzamento industrial que tentava decolar por aqui. Um deles foi o Montana.

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Senepol do lado mais seco da ilha, da linhagem CN.

Da influência e predominância de um tipo mais produtivo dos cruzamentos, estudos foram feitos por dois produtores desse programa em eventos técnicos nos Estados Unidos, até que se descortinou a força do Senepol como um taurino que passou a padronizar suas crias.

A Fazenda da Grama foi um desses dois criatórios, que bancou com outros parceiros a importação de 700 embriões de doadoras escolhidas a dedo em propriedades onde o Senepol passava por seleção criteriosa para avançar em mercados mais extensivos como o Brasil.

Era o ano 2000. E desde então, a Grama nunca mais parou de selecionar o taurino que ela ajudou a se tornar a raça que sempre cresce no Brasil.

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Hans Lawaetz (centro) em uma das visitas ao Brasil, entre Carla e Junior Fernandes, da Grama Senepol.